Postagens mais visitadas

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O que é especialização precoce???



Quando pensamos na formação dos nossos atletas de futebol, um aspecto primordial para os profissionais da área é o conhecimento sobre o desenvolvimento motor. Esta importância lhe é atribuída devido a influência exercida pelos conteúdos aplicados em aula, que podem comprometer o desenvolvimento anatômico e/ou fisiológico, como na construção do acervo motor pelas crianças e adolescentes.
Neste contexto, buscando em Gallahue e Ozmum (2005) um referencial de desenvolvimento motor, no qual está dividido em fases e estágios.
Temos que ressaltar que durante o período de formação em locais destinados a prática do futebol, essencialmente estará presente neste recipiente ambiental, a figura do técnico ou do professor de Educação Física.
È possível afirmar que, algumas crianças começam a andar primeiro que outras, tendo elas a mesma faixa etária. Neste cenário, está presente o princípio da individualidade biológica, assim como os estímulos presentes no ambiente onde vive.
Ao relacionar os conceitos anteriormente expressos a respeito do tema desenvolvimento motor ao ensino do esporte, podemos refletir em relação aos conteúdos aplicados (fator ambiental) em escolinhas e clubes de futebol, abordando uma questão importante no contexto da formação dos atletas de futebol, que é a chamada especialização precoce. Para isso, vamos ater-nos á duas últimas fases de desenvolvimento, pois é faixa etária na qual, normalmente, se inicia a aprendizagem esportiva, assim como eleva-se a frequência da prática do esporte.
Entende-se por especialização esportiva o período em que se adotam programas e métodos de treinamento especializados. É quando a criança pratica sistematicamente, principalmente, um único esporte, tendo como objetivo participar de competições e aprimorar a técnica dos fundamentos, assim como desenvolver conhecimentos táticos e as capacidades físicas exigidas para aquela modalidade esportiva (Santana, 2001).
Paes (1996), aponta que devido a cobrança excessivas por resultados positivos em competições, nas categorias de base, os jovens são avaliados por suas capacidades físicas, pelo seu desenvolvimento diferenciado comparado as outras crianças ou jovens, levando-os a exercer uma determinada função ou posição específica, a qual, consequentemente, implicará no treinamento limitado das especificidades técnicas daquela posição. Este procedimento terá resultados imediatos para a equipe. por outro lado, considerando a formação motora do atleta e sua mudança de categoria, o mesmo sucesso dificilmente será alcançado, como coloca o próprio autor:
                     
[....] terá uma serie de dificuldades, quase que insuperáveis para   exercer  a função que lhe foi ensinada no primeiro período de aprendizagem, pois na atual categoria, ele dependerá de outros elementos fundamentais que não lhes foram oferecidos no devido estágio. ( Paes, 1996. p. 56).

Dentro deste contexto, as crianças são submetidas a exercícios extremamente desgastantes, cópias fidedignas do treinamento dos adultos, onde realizam inúmeras repetições do mesmo movimento fora do contexto de jogo, com o objetivo de aprimorar ou refinar as técnicas usualmente utilizadas em determinadas posições, em fases onde o primordial não é a execução perfeita da técnica, e sim, a experimentação e aquisição de experiências motoras diversas que auxilie na construção de um repertório de respostas motrizes rico em possibilidades frente aos desafios do esporte. 
Segundo Oliveira (1998, p34):



Mesmo tratando-se de especializar, nada deve ser antecipado: a precocidade pode cercear a variabilidade de movimentos e prejudicar o desenvolvimento motor, comprometendo o futuro tanto pessoal quanto esportivo do indivíduo. Aliás, a precocidade é um fator que, comumente, encontramos no esporte e revela um triste quadro de desconhecimento do que significa desenvolvimento motor e suas implicações sobre a vida.
A especialização é inevitável no esporte de alto nível, entretanto a aquisição das habilidades motoras especiais tem que ocorrer no tempo certo. o trabalho deve ser pautado em uma estrutura de treinamento adequado ao desenvolvimento individual, proporcionando uma formação básica múltipla, garantindo a aquisição de movimentos coordenativos gerais (Weineck, 2000).
Sabe-se que necessariamente ao longo do processo de formação do atleta a especialização irá acontecer, mas quando acontece precocemente, estamos cerceando o direito da criança de desenvolver padrões de movimentos gerais, básico ou essenciais para seu desenvolvimento motor. Além disso, carregam as implicações de serem considerados ¨mini adultos¨, trazendo consigo todos os anseios, as pressões, as cobranças, a preocupação com o rendimento, em fases que o chamariz deve ser o brincar, o aprender, o prazer em praticar esporte.
Nesse sentido, Scaglia (2003, p. 61) indaga que ¨o esporte deve permitir ao iniciante a obtenção de uma cultura corporal, proporcionando ao jovem uma aprendizagem motora adequada¨, culminando na fase pré-escolar e escolar em um processo ensino-aprendizagem embasado em atividades e esporte diversificados, privilegiando a formação motora geral, para numa fase posterior iniciar o aprimoramento da técnica.
Tal pensamento vai ao encontro do raciocínio de Freire (2008), que enfatiza a necessidade de um ambiente rico em brincadeiras e sem sistematização rígidas, transformando o esporte em um momento prazeroso e motivador, para que estas experiências favoreçam as construções motoras, sociais e cognitivas do praticante. Sendo assim, o autor apresenta a¨ pedagogia da rua¨, proposta que visa a valorização da cultura popular relacionada ao futebol. As brincadeiras e jogos comumente praticados por crianças e adolescentes nas ruas, nos parques, nas escolas, devem ser preservados, isto é, além de respeitar e atribuir a devida importância aos conhecimentos prévios a respeito do esporte, amplia-se as possibilidades de aprendizagem, assim como a formação primordial de uma base motora consistente e preparada para futuros treinamentos mais específicos.
A partir deste estudo, percebemos a relevância do tema desenvolvimento motor e a enorme responsabilidade de professores de educação física e técnicos de futebol diretamente envolvidos nas categorias de base, pois lhe é concebido o poder de direcionar e influenciar o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes praticantes do esporte.

(Autor: Márcio Vinhão)

Olá?
Fiz questão de iniciar o artigo com este texto que mostra de forma bem objetiva, o que na minha opinião é um dos fatores determinantes para a má formação de nossos atletas, e por consequência a dispensa e o encerramento da carreira de muitos jogadores de futebol promissores em nosso país; para se ter uma ideia, o autor foi meu colega de turma na especialização em Futebol e Futsal, e ele no seu trabalho de conclusão de curso, realizou uma pesquisa em alguns clubes de futebol, instituições tradicionais em nosso país, sua pesquisa foi focada nas categorias de base, e para espanto geral, muitos profissionais, alguns deles bem conhecidos dentro do futebol, não souberam, ou não responderam a pergunta que uso como título deste artigo.
Ouço da boca de vários técnicos de alto nível, que os atletas da base não estão preparados para jogar no time de cima, será qua a culpa é dos nossos atletas?
Os profissionais que trabalham na área estão devidamente preparados para tal função?

Até!

Quer mais conteúdo? CLICA AQUI!


                               

Um comentário:

  1. Fala Adelson !!! Como estão as coisas?
    Sem querer encontrei seu blog, por sinal muito bom, com uma citação de um artigo que escrevi.
    Ainda não consegui publicar o que fiz na pós, mas estou tentando.
    Abraço !!!
    Márcio Vinhão

    ResponderExcluir

Criança no Esporte

Este artigo é muito interessante, leiam!  CAMPOS, Wagner; BRUM, Vilma Pinheiro. Criança no Esporte . Midiograph: Londrina. 2004.   CAPÍT...