Estava lendo alguns artigos sobre treinamento e preparação física no futebol quando encontrei este bastante interessante do professor Fábio Cunha, e resolvi postá-lo.
HISTÓRICO DA PREPARAÇÃO FÍSICA
Prof. Ms. Fabio Cunha
CREF 003535-G/SP
A
preparação física no futebol é um dos fatores que mais evoluiu nas últimas
décadas e continua evoluindo. O conhecimento do condicionamento físico para o
futebol é de vital importância para o sucesso de uma equipe dentro de uma
competição.
Os primeiros indícios de treinamento físico no Brasil
datam do início do século passado, por volta de 1904. As equipes paulistas
tentaram substituir os treinamentos que reproduziam partidas, por outros tipos
de treinamentos. O motivo inicial talvez tenha sido a dificuldade de se
encontrarem atletas para realização desses treinos. O emprego de exercícios de
condicionamento físico, como corridas de 100, 200, 400 e 800 metros, além de
luta romana, ginástica alemã e halteres, passou a ser rotina entre as equipes.
O importante a ser ressaltado era a preocupação com a força e não com a
velocidade dos atletas (SANTOS NETO, 2000).
Finalmente, a primeira atuação de um preparador físico
ocorreu na Copa do Mundo de 1954, com a presença em algumas seleções de um
elemento junto ao técnico, com a finalidade de dirigir as atividades físicas da
equipe (BARROS, 1990).
Na Seleção Brasileira, em 1958, a CBD (Confederação
Brasileira de Desportos) convidou um professor, ex-jogador de futebol que
exercia a função de treinador em um clube do Rio de Janeiro, para auxiliar o
técnico da Seleção. Foi, portanto, o primeiro preparador físico no Brasil. Com
o resultado no mundial, surgiram os primeiros preparadores físicos nos clubes.
Nessa época, havia o conceito de que o preparador físico deveria ser um homem
forte, de hábitos rudes, e que deveria exigir o máximo dos jogadores em
atividades estafantes, nas quais não se verificavam os aspectos científicos do
treinamento físico. Imperava no Brasil a fase de preparadores físicos
militares. Coronéis, majores, capitães, tenentes, sargentos ou até mesmo
policiais civis proliferavam nos clubes. Essa fase durou por muitos anos e
acarretou sérios problemas entre jogadores e militares (BARROS, 1990).
Com o insucesso do Brasil na Copa do Mundo de 1966, muita
coisa pode ser observada. Somente o aspecto técnico não era mais fundamental
para se vencer uma Copa do Mundo. Outro agravante foi que o nosso preparador físico
nunca havia trabalhado com futebol, mas sim em esportes de luta e na caça
submarina. Chegava a hora de uma mudança! Já na Europa, as seleções eram
treinadas com base em um novo método de treinamento, chamado treinamento em
circuito, criado por um belga. Quatro seleções européias (Inglaterra, Alemanha,
Portugal e Polônia) ocuparam os quatro primeiros lugares (BARROS, 1990).
A Copa da Inglaterra foi um marco para a preparação
física. Com a criação do sistema de marcação homem a homem pela equipe inglesa,
o condicionamento físico era fator preponderante para o sucesso deste esquema.
A diminuição dos espaços era o objetivo principal. A Inglaterra demonstrou que
o seu sistema era efetivo, com isso a preparação física a partir daquele
momento tornou-se um aspecto importante e indispensável no planejamento e
treinamento do futebol (GONCALVES, 1998).
Com o sucesso da Seleção Portuguesa nesse mundial, tendo
um treinador brasileiro, Otto Glória, o futebol brasileiro começou a aprender
um pouco mais sobre o porquê do “futebol força”, praticado nessa Copa. Em
meados de 1968 começou-se a ter uma evolução maior no aspecto científico do
treinamento pela atualização e estudo de nossos profissionais na Europa. Essa
atualização contribuiu muito para a nossa seleção de 1970, iniciando a fase
científica do treinamento do futebol no Brasil (BARROS, 1990).
RIGO (1977) enfatiza que até 1970, ano em que o Brasil
conquistou o tricampeonato, poucos eram os clubes no país que faziam uma
preparação física e bem menor era o número de equipes que utilizavam métodos
modernos e científicos.
Estudos realizados por KNOWLES e BROOKE; WHITEHEAD, citado
por BARBANTI (1996); REILLY e THOMAS, citado por MAYHEW e WENGER (1985) e
BARBANTI (1996) comprovam que durante a década de 1970, existia uma preocupação
e um interesse com a investigação científica no futebol com o intuito de
auxiliar a preparação física dos atletas, determinando os sistemas energéticos
que predominavam no esporte, através de uma análise de movimento realizada durante
as partidas de futebol. Estudos semelhantes foram realizados por BRODIE;
WHITERS et al., citado por MAYHEW e WENGER (1985) durante os anos de 1980.
A importância de um profissional capacitado nos clubes é
fundamental. O preparador físico deve estar presente em todas as categorias e
não somente na categoria profissional, pois existem intensidades e cargas
diferentes para cada faixa etária.
Hoje o aspecto científico do
treinamento físico está muito desenvolvido. Os profissionais se especializam
cada vez mais utilizando computadores e os mais variados aparelhos eletrônicos
possíveis, para determinar o nível de condicionamento e a evolução dos atletas.
Portanto, percebe-se que a preparação física evoluiu de tal maneira que seria
impensável a falta de um profissional especializado em treinamento físico
integrando a comissão técnica de um clube.
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