Olá meus amigos, depois de um longo período sem postar algum artigo por motivos pessoais, resolvi retomar minhas atividades e compartilhar alguns ensinamentos e ideias que tenho ouvido e discutido bastante. E começo com uma carta postada do meu amigo Barata, coordenador da base de futsal do Santos Futebol Clube.
Suas palavras geraram discussões por parte de muitos professores, alguns ficaram indignados e outros aceitaram com ressalvas. O texto fala da atuação do jogador Neymar, com uma linguagem simples e descontraída.
Leiam e reflitam.
Neymar,
Caros amigos, após mais uma brilhante
participação do Neymar, me peguei tentando entender como ele adquiriu tanto
conteúdo para se jogar futebol, uma vez que tive uma mínima relação com ele no
inicio de sua formação.
Por isso fiquei imaginando várias razões para
explicar, ou tentar explicar, pretensiosamente, o futebol impressionante que
ele vem apresentando, seria genética, dom de Deus, sorte, grandes técnicos,
grandes treinos, empresários, etc.
Como ele era?? O que já fazia?? Participei em
que? O futsal o ajudou aonde?
Perguntas e mais perguntas????? Vou tentar falar
do estímulo que estive mais próximo, o técnico. Claro que considero questões
familiares, sociais, psicológicas e afetivas, mas darei ênfase às questões motoras.
Pois bem, a partir de agora vou chamá-lo de
Juninho, pois foi assim que o conheci.
Divido meus pensamentos com colegas professores
e treinadores de crianças tanto do Futebol quanto do Futsal.
Como posso ter a audácia de dizer que ensinei o
Juninho a jogar bola. Por favor me digam quando, assim como eu, algum professor
o treinou ou o ensinou a ter tantas ações motoras/cognitivas, ou
cognitivas/motoras, tanto faz a ordem..... Quem pode ter a pretensão de achar
que o treinou para fazer aqueles gols vs Flamengo ou vs Internacional.....
Aquelas "tomadas de decisão" que não existe em livro nenhum, aquelas
resoluções de problemas..... Por favor, por favor!!!! Quem? Tenho certeza que
não tenho nada haver com isso!!! Fala sério!!! Diria meu filho Pedroca!!!!!
Nos ensinaram a ensinar Futebol da forma bem
tradicional, ou seja, enfatizando a técnica, e quando digo técnica, é aquela
bem isolada do contexto, como por exemplo, repetir passes e outros
"fundamentos" sem oposição alguma até a exaustão, driblar cones, e
depois, em duplas....... poderia jogar a bola com as mãos para meu colega
dominar com o peito e devolvê-la variando as pernas.... Esses são apenas
pequenos exemplos, sei que temos mais, temos 1001 exercícios!!!!!!
Continuemos pensando.......
Se aprendi a ensinar dentro dessa metodologia,
acredito que a maioria (ou todos) os professores do Juninho aprenderam a
ensinar do mesmo modo, logo, presumo que contribuímos muito pouco ao estágio
que ele se encontra, para não dizer, em nada.
Então, se tivemos pouca participação, aonde
estaria a maior parte da contribuição?Acredito que esteja na história de sua
vida, ou seja, no ambiente onde cresceu, nas experiências com bola que teve na
sua infância, nas brincadeiras com bola, nas atividades com riqueza motora, nos
ambientes de bola que seu pai o levava, por fim, aonde encontramos essa
realidade?? NA RUA, repito, NA RUA, RUA!!!! Portanto, meus colegas, não
desprezemos a riqueza existente em jogar bola na rua, em driblar o buraco,
parar quando vem o carro, "cavar" a bola no meio-fio, chutar copos e
garrafas, jogos de bobinho, etc. Tenho certeza absoluta que o Juninho carrega
consigo muitas vivências da rua. Portanto se formos elaborar uma metodologia
ideal de ensino, que "ela" seja pautada no estímulo a criatividade,
que favoreça muitas tomadas de decisão, que tenha apelo a inteligência, que
tenha variados movimentos, ou seja, tudo que observamos nesse
"moicano" dentro do campo, muitas vezes parece que ele esta jogando o
famoso "gol caixote". kkkkkkkkk
Seria muita prepotência de minha parte, diria
até uma enorme burrice, achar que as três vezes por semana que ele treinava
futsal foram suficientes para ele aprender a jogar bola, claro que não, o pior
é que eu acreditava nisso..... Quanta ignorância...... É simples: como poderia
achar que eu era o responsável por atitudes dele dentro da quadra se eu nunca
havia treinado ou estimulado tais ações?? Como desprezei a Rua!!!! Como pude
não entender isso?
Amigos, só para ilustrar: qual professor, qual
treinador, qual livro, qual faculdade ensinou o Juninho a utilizar a
"lambreta" como recurso para se desvencilhar do adversário??? Poderia
aqui citar várias ações técnicas do repertório dele, escolhi apenas a
lambreta!!!!!
Vou além: como estimulo a criança a resolver
problema, a tomar decisão na metodologia tradicional? Metodologia esta, baseada
na técnica e no aprendizado pela repetição. Me pergunto: Será que o futebol
apresentado pelo Juninho atualmente tem alguma relação com as atividades que
lhe estimulei quando criança? Muito pouco, ou quase nada........ Como estimulei
suas ações atuais se o colocava em dupla fazendo passes de tudo quanto é forma,
de frente, cavado, com o dorso, solado, etc...... Se o colocava em filas.... Se
o fazia driblar cones e chutar sem pressão de marcação... Que problema eu dava
para ele? Qual a imprevisibilidade tão notada nele hoje, que eu estimulava com
essas atividades, enfim, não estava ensinando o que ele apresenta hoje, acho
que nem um pouco sequer.
E por falar em técnica, analisando o Juninho,
que técnica que ele usa???? Risos!!!! Aquelas do livro, passe, condução,
domínio, etc.... com correção de posição dos pés, de formas de condução,
correção na forma de chutar, das duplinhas, das filas.... Etc.. Como diz
novamente meu filho Pedroca: "fala sério"!!!!!! Sendo assim teríamos
que mandar ele embora, pois ele não fazia nada parecido com essa suposta
técnica....... Acho que o conceito de técnica mudou, logo, em nossas
atividades, a técnica deveria ser abordada de uma forma mais contextualizada,
ou melhor, associada a tática do jogo, sempre aproximada a realidade do jogo,
pois como diz um Dr. amigo meu, "só se aprende o jogo, jogando".
Deveríamos nos preocupar mais com a eficácia do
que com a forma de execução.
Para finalizar, meus amigos, gostaria que refletissem
sobre os estímulos dados a nossos atletas, eles condizem com a realidade do
jogo? Eles têm ligação com a imprevisibilidade do jogo? Eles favorecem a
criação e resolução de problemas? Nossas crianças são estimuladas a pensar?
Bom meus amigos, gostaria com esse texto, de
dividir minha reflexão com o que esse "moleque" esta jogando, pois
como falei antes, tive a honra de compartilhar um pouco de Futsal com
ele....... Que divertido que era !!!!!!!!!!!
Imagino que muita gente deva se perguntar: quem
ensinou isso para ele? ou aonde ele aprendeu isso?
Não tenho a intenção aqui de julgar os colegas
que defendem a metodologia tradicional, apenas desejei, expressar minha opinião
a favor da metodologia por meio do jogo, moderna ou situacional, pois acredito
ser a melhor forma de se ensinar para crianças esses esportes chamados Futsal e
Futebol, me parecendo também, o Juninho, um grande exemplo para reflexão.
Alguém duvida??????
Obrigado Juninho, por me fazer tentar buscar a
verdadeira metodologia e principalmente, por me trazer a inquietação de como se
ensina melhor.
Abs.
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